em construção permanente






quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Casamento ou Vasectomia


Depois do nascimento da minha segunda filha minha mulher me pediu uma prova de amor.
Ela queria que eu fizesse uma vasectomia para evitarmos a terceira gravidez que poderia atrapalhar a continuação da sua carreira profissional.
Nisso existia um grande problema. Eu tinha medo de ir ao médico, do nome desta operação e não gostava de usar camisinha.
Eu era um completo ignorante sobre assunto e, na dúvida, fui procurar ajuda.
Ouvi de um ombro amigo que a cirurgia funcionava com um corte na parte inferior da bolsa escrotal, em seguida cortavam o canal por onde os espermatozóides percorriam e que depois era dado um nó neste mesmo canal. Algo simples para um açougueiro, mas para mim não.
No final da nossa conversa, meu amigo resumiu que tudo isso poderia deixar um homem broxa.
Procurei ajuda de um amigo e o filho da puta me deixou ainda mais preocupado.
Acabei indo parar na frente de um computador para pesquisar na internet. Descobri o enigma sobre a operação e que o meu amigo estava certo. A única diferença foi que os sites não me assustaram, talvez porque tinham interesse que o maior número de pessoas pudesse realizar a incisão.
O nó poderia ser desfeito como o nó dado no cadarço de um tênis e assim qualquer homem voltaria à fertilidade natural. Esta foi a minha conclusão após dias de pesquisa.
Mesmo assim, dei a notícia para minha mulher que não faria a cirurgia e ela decidiu pedir o divórcio.
Três meses depois pagando pensão alimentícia e acostumado a morar sozinho resolvi por um fim na minha solidão.
Novamente parti em busca de ajuda, só que desta vez, em uma igreja evangélica próximo à kitchenette que eu havia alugado no centro da cidade.
O pastor me recebeu de braços abertos, disse que a casa de Deus também era a minha casa e fez a promessa de encontrar a cura para a minha solidão.
Um mês depois de freqüentar a Igreja Sagrada do Digníssimo Pai Senhor de Jesus Cristo, o pastor me arrumou uma mulher. Afirmou que ela seria a cura do meu problema.
Fiquei sabendo que também era freqüentadora da igreja, mesmo nunca tendo a encontrado por lá, e que passava pelo mesmo problema que o meu.

O pastor me disse que a conhecia á muitos anos, que era uma mulher muito amável, que se tornaria uma ótima companheira e que era a enviada pelo nosso senhor Jesus cristo para me salvar.
Uma semana e meia após o nosso primeiro encontro eu estava morando com a mulher enviada pelo nosso senhor, no meu pequeno e apertado espaço alugado.
Antes da nossa primeira noite de amor contei para ela a história da vasectomia. O resto ela já sabia através da conversa com o pastor.
Disse que não se importava com nada e que só queria ser feliz ao meu lado.
Colocou a calcinha de lado, pediu para que eu penetrasse bem fundo e depois jorrasse o máximo que eu pudesse do meu líquido branco e quente dentro da sua vagina.
Apesar de ser uma mulher evangélica, sua reação não me surpreendeu.
Toda mulher possui o seu lado selvagem, independente do credo ou religião.
Realizei o seu pedido pela metade. Deixei o líquido para quando descobrisse a data exata do teu ciclo menstrual.
A mulher era uma depravada na cama. Pensava em sexo vinte e quatro horas por dia.
A investigação levaria muitos dias, talvez até meses e para evitar uma tragédia, passei a fazer hora extra no trabalho. Certamente, cedo ou mais tarde, ela engravidaria.
Dei uma desculpa e nos separamos
Voltei na igreja para agradecer ao pastor e explicar que ela merecia um homem melhor.
Fui procurar um especialista e vinte dias depois eu me tornara um novo homem, castrado.  
Desesperadamente fui atrás da minha ex-mulher para lhe dar a boa notícia e propor a volta da nossa união.
Cheguei à sua casa (a mesma que eu ajudei a construir) e ela não estava mais sozinha.
Explicou como o havia conhecido. Que era um bom pai para as nossas filhas e neste momento da sua vida era o homem que amava.
Contei sobre a minha novidade na esperança de ver um sorriso no seu rosto, mas ela apontou para o calendário pendurado na parede sem dizer mais nenhuma palavra.


Sérgio Silva, 2011.