A boca de bueiro é a janela de entrada para o submundo
Que o mundo finge não ver.
É a boca que nunca diz não. Nem talvez.
A boca que de tudo aceita, um pouco:
O lixo do seu luxo.
A bituca do seu cigarro.
O desprezo dos seus pés.
A água da chuva e seu fluxo.
É a boca sem dente. Que fede. Que engole o vômito do bêbado.
Que abriga a família da barata. Que absorve o absorvente da mulher amada.
A boca de bueiro é a boca a ser beijada. Sem batom, porém, melada.
A boca de bueiro é a janela de entrada para o submundo
Por onde o mundo inteiro respira
Quando as narinas estão ocupadas
Com o progresso das redes sociais.
Sérgio Silva.
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