Esta imagem que fiz no ano passado (2011) me faz ter diversas conversas comigo mesmo. Uma delas por exemplo é a questão da degradação humana que vem rapidamente à cabeça se o olhar ficar preso à imagem do homem que caminha pela calçada da Rua Augusta em São Paulo, sob à luz do dia, carregando seu fardo nos ombros. Um ser humano que vive à margem da sociedade sendo humilhado por milhares de olhares diariamente e até o fim da sua vida, esquecido por sua família, amigos e governo, torna-se um objeto fácil para compor o vasto repertório que o homem possui em suas mazelas. Então, resolvi fazer o exercício mental de deixá-lo invisível ao meu olhar para tentar encontrar algo que pudesse tirar o meu primeiro pensamento e isto acabou sendo mais fácil do que imaginei. Foi só focar nas paredes em ruínas, abandonadas por alguém que jamais vai voltar e na porta aberta, convidando para a entrada em seu interior por qualquer um transeunte. O espaço sem dono gritando por socorro. Mas e depois deste exercício o que foi que eu tirei dessa leitura? A degradação humana esta na sua frente, ao seu lado e em qualquer canto que o seu olhar se dirigir. Só não enxerga o cego de consciência e aquele que gosta de tapar o sol com a peneira. Se o seu esta garantido o dele ainda não, então abriremos os olhos e usaremos óculos escuro apenas em casos extremos, certo?
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